2007-04-25

 

Não basta dizer «trinta e três»



Trinta e três anos decorreram desde a revolução de 25 de Abril de 1974.

Nesta data celebra-se o dia da liberdade.

O discurso proferido pelo Presidente da República no parlamento, por ocasião da celebração de mais um aniversário da revolução, alerta para o significado deste dia.

A celebração desta data, apenas, como recordação do passado, não será, certamente, a única e melhor forma de honrar os valores da democracia e da liberdade e de cumprir a esperança criada. Não basta dizer «trinta e três», numa evocação dos anos decorridos desde a revolução. Ao dizermos «trinta e três», escutaremos, também, o catarro da saúde da nossa democracia.

É preciso olhar em frente, para o futuro, com visão estratégica, para construir uma realidade mais positiva, de modo a aproveitar, condignamente, a liberdade conquistada.

Entretanto, por força dos condicionamentos emergentes da política orçamental e financeira do Estado, as questões ideológicas e políticas caíram para segundo plano. Aos olhos do público, a racionalidade do iluminismo europeu economicista diluiu as diferenças partidárias.

Contudo, mesmo sem prejudicar o necessário saneamento financeiro e organizacional da Administração Pública, os governantes deveriam indicar um rumo político, de acordo com os modelos de governação conhecidos. Os portugueses precisam conhecer o rumo e este terá de ser apelativo:




Sem isso, os portugueses continuarão a julgar que a Ota só "aumenta o comprimento do túnel", que este não tem fim e que a cruzada só tem finalidades económico-financeiras, sem que apareça "a luz" no final do percurso.

Os valores, os princípios e a solidariedade social são bem mais mobilizadores das sinergias da população do que a taxa do défice público.

Os políticos que discutam e promovam a resolução dos problemas da economia.

Em público, porém, deverão mobilizar a comunidade, sobretudo os mais jovens, a encarar o futuro com seriedade, com formação cultural, técnica e profissional - que lhes deverá ser proporcionada -, num quadro de valores que dê corpo ao Estado de Direito Social, num quadro económico, social e ambiental de desenvolvimento sustentável.

Assim, serão também atingidos os objectivos macro-económicos.
Definam, pois, o rumo. Discutam-no com a população.
Desse modo, teremos maior paz social.

Viva a liberdade.... com maior visão e responsabilidade.
Deixo esta reflexão, para este «dia da liberdade».


Fonte da fotografia: Presidência da República



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Comments:
Talvez em Portugal se consiga atingir uma consciência quase plena do que é democracia dentro de mais uns 20 ou 30 anos ...
Se tudo correr bem e à velocidade a que estamos a andar na sua direcção !
Bom Feriado !
JAD
 
Por natureza não sou uma pessoa céptica. Mas, em relação ao tema, cada ano que passa (eu sei, pareço o Velho do Restelo) o meu cepticismo vai sendo cada vez maior (isto, sendo possível medir o grau do mesmo...).
Mas admito, continuo a ter Fé!
 
A densificação e consequente aumento de eficácia da democracia pressupõe uma cidadania mais esclarecida e activa.

Nestes termos, o progresso encontra-se dependente, como sempre esteve, do aumento do nível cultural dos portugueses.

Trata-se de uma questão civilizacional.

Saudações amigas,
Jorge M. Langweg
 
"...o progresso encontra-se dependente, como sempre esteve, do aumento do nível cultural dos portugueses.

Trata-se de uma questão civilizacional."


Em completo desacordo, meu caro Dr. Jorge Langweg.
Trata-se efectivamente de uma questão civilizacional, mas que nada tem a ver com com o nível cultural de quem quer que seja.
Tirando a Inglaterra, não há qualquer tradição democrática em parte nenhuma do mundo.
Nós falamos como se a nossa democracia de 33 anos fosse uma jovem democracia no universo de antiquiíssmas democracias europeias. Não é verdade. À data do 25 de Abril de 1974, não tinham ainda passado 30 antes sobre um momento histórico em que a Europa toda (com excepção da Inglaterra) era um conjunto de ditaduras.
A democracia tem que ver essencialmente com a existência de uma classe média muito forte. Não tem nada a ver com cultura ou nível educacional.
Continuem a acentuar as diferenças entre ricos e pobres, continuem a esmagar a classe média e vão ver onde vão parar as democracias europeias.
Por muito cultos que sejam os europeus...
 
Em primeiro lugar, quero começar por agradecer a observação que me parece muito pertinente.

A sua resposta, longe de ser «funesta», constitui, de facto, uma explicação e um prognóstico de natureza sócio-económica, com reflexos na saúde da democracia.

No entanto, parece-me que a existência de uma classe média "muito forte" pressupõe um investimento sério na (reorganização da) educação e formação profissional. Sem esse suporte, todos os esforços para o relançamento (?) da economia, segundo os modelos desejáveis, estarão condenados ao fracasso.

Por outro lado, essa formação de base é necessária ao exercício activo e consciente da cidadania (e do poder).

Não bastará o Estado deixar de estrangular financeiramente a classe média, para assegurar a densificação do Estado de Direito Social e do regime democrático.

Com os meus melhores cumprimentos,
Jorge M. Langweg
 
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