2013-10-23
Anteprojecto de diploma que concretiza o novo mapa judiciário reprovado pelos juízes
«O anteprojeto de Decreto-lei que
estabelece o Regime de Organização e Funcionamento dos Tribunais
Judiciais constitui uma afronta aos Juízes portugueses que trabalham nos
tribunais judiciais.
O Ministério da Justiça manteve até agora no segredo dos bastidores uma proposta que reduz o quadro de Juízes em exercício de funções nos tribunais de maior pendência processual.
Enveredou-se por uma lógica economicista de redução de custos que só poderá vir a implicar uma redução da qualidade e eficácia da prestação jurisdicional e um impacto negativo para o cidadão e as empresas.
Nesta proposta o Ministério da Justiça demonstra que não fez adequadamente o trabalho de casa, produzindo um resultado econométrico que só se pode lamentar.
Não se podem diminuir pendências diminuindo o número de juízes, nomeadamente nos Tribunais onde o congestionamento processual é maior.
As constrições financeiras e a gestão dos interesses locais não se podem sobrepor aos interesses da justiça.
A nossa atitude foi sempre a de colaborar com a construção de uma reforma da justiça e do mapa judiciário em conformidade com as atuais exigências sociais, económicas e culturais do país.
Demonstraremos a razão da nossa crítica, não só com uma análise severa ao projeto de diploma como também através de outras formas de intervenção associativa que apelem a uma atitude política e social de respeito e de reconhecimento da importância do papel dos Juízes e dos tribunais na sociedade.
Somos responsáveis e queremos evitar os previsíveis efeitos negativos da aprovação de tal diploma para os cidadãos portugueses, em nome de quem julgamos.
Às pressões sobre os Tribunais, ao desrespeito pelas suas decisões, à degradação fortíssima do sistema remuneratório, acresce agora a incerteza e precariedade do trabalho dos Juízes.
O sentimento só pode ser de indignação.
Há limites para tudo.
E há limites para a afectação da dignidade do exercício das funções judiciais.
Coimbra, 22 de Outubro de 2013
Direcção Nacional da ASJP»
Etiquetas: mapa judiciário, reforma do mapa judiciário, reorganização judiciária