2010-07-22
O «campus» da falta de segurança e o Palácio de Justiça de Faro
(...) No relatório, divulgado pela agência Lusa, o juiz presidente Ivo Rosa diz que há uma «inconcebível proximidade» entre arguidos e público e entre arguidos e testemunhas.
As salas de audiência são pequenas. Os problemas de segurança tornam-se grandes.
O relatório divulga um situação que aconteceu em Maio no piso 3 do tribunal. Seis arguidos envolveram-se numa luta. A PSP foi chamada, mas só chegou ao local quase 10 minutos depois porque os agentes estavam no piso -1 e não conseguiram apanhar um elevador.
Quem repôs a ordem foram outros 10 arguidos, seguranças de discotecas que estavam na sala.
A falta de videovigilância nas antecâmaras e no interior dos elevadores é outro problema detectado por quem trabalha nas varas criminais do Campus da Justiça.
Um ano depois da inauguração do espaço, este relatório conclui que «falta dignidade» às instalações do que é um órgão de soberania.
O juiz presidente considera que a mudança da Boa Hora para o Parque das Nações foi «um erro» e que os problemas do novo Campus da Justiça são estruturantes e não podem ser ultrapassados com arranjos. (...)
O Campus de Justiça de Lisboa evidencia, de forma clamorosa, a falta de preparação de muitos decisores políticos, também, para as questões logísticas da Justiça. Este relatório só confirma aquilo que já era patente e foi denunciado no primeiro dia da mudança para aquelas instalações. Confundir tribunais com uma qualquer repartição administrativa significa nada perceber da realidade institucional e funcional em causa.
Nota final:

Também as condições de segurança contra incêndios também não respeitam nessas instalações as exigências legais.
As acessibilidades por pessoas com limitações de mobilidade também não se mostram asseguradas, violando a legislação em vigor.
Algumas obras, bem necessárias, estão projectadas e anunciadas para essas instalações há mais de um ano.
A falta de realização das obras prejudica o normal funcionamento do tribunal.
Enfim... quando se fala de justiça em Portugal, não se faz alusão a uma prioridade dos nossos governantes. Bem pelo contrário. Apesar de alguns progressos tecnológicos, também prejudicados, normalmente, pela deficiente instalação ou programação, os potenciais de produtividade, celeridade e segurança dos tribunais não se encontram devidamente aproveitados.
Isto, apesar do esforço e das recomendações de quem neles trabalha no seu dia-a-dia.
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