2008-12-14

 

Lição grega: a (i)legitimidade dos eleitos


Vive-se na Grécia um clima próximo de guerra civil, com confrontos violentos entre manifestantes e forças de segurança, que já causaram um morto e a destruição de propriedade pública e privada, com mais de mil milhões de euros de prejuízos já contabilizados.

Isto sucede no país europeu, onde teve lugar o «Big Bang» da Democracia como hoje a conhecemos.

Esta conjugação de circunstâncias merece, por si, uma reflexão sobre o seu significado.

Segundo descrito pela comunicação social, as causas mais profundas da insatisfação popular residem na crise económica e social grega, num contexto de crise das instituições do Estado, onde a partidocracia tem evoluído, nas últimas décadas, segundo um sistema de feudos quase familiares.

Se, por um lado, uma faixa importante da população exige reformas políticas - de modo a melhorar o desempenho do Estado e da economia, promovendo uma nova esperança de bem-estar para a população - por outro não reconhece nos actuais responsáveis políticos a necessária capacidade reformista.

Esta situação é agravada pela circunstância de muitos gregos não reconhecerem nos seus «eleitos» legitimidade para representá-los, na medida em que foram impostos ao sufrágio popular pelos aparelhos partidários que são dominados por determinados grupos e famílias que têm governado a Grécia nas últimas décadas. A lógica das nomeações a sufrágio limita-se à gestão de pessoas, segundo critérios de fidelidade pessoal aos líderes dos partidos e segundo lógicas internas dos partidos, que funcionam em círculos fechados, afastando do poder político, muitas vezes, os mais aptos.

A democracia deveria permitir à população eleger os melhores, os mais preparados para servirem a causa pública.

Quando isso não sucede, a sociedade reage.

Na Grécia, jovens atiraram cocktails Molotov contra a polícia... em Portugal atiraram ovos contra carros ministeriais... Haverá alguma explicação comum para estas «entifadas» ocidentais?...

A resposta parece-me óbvia.

Depois do «Big Bang» da Democracia, a Grécia surpreende o mundo ocidental com uma nova lição: quando a partidocracia contamina a democracia, diminuindo a legitimidade dos eleitos, instala-se a crise, potenciando a revolta popular.

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