2010-04-09

 

Diário da República (Selecção do dia)


Portaria n.º 196-A/2010. D.R. n.º 69, Suplemento, Série I de 2010-04-09

Ministérios da Saúde e da Educação

Regulamenta a Lei n.º 60/2009, de 6 de Agosto, que estabelece o regime de aplicação da educação sexual em meio escolar.

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Comments:
A portaria faz todo o sentido e vem em boa hora. A precocidade das gerações actuais é uma realidade e não vale a pena escamoteá-la. Se algo de bom tem este sorver "de um golo só", é a naturalidade e espontaneidade com que os jovens encaram a vida e questões como o prazer sexual...
Talvez, contudo, valha a pena reflectir um pouco sobre parâmetros de qualidade desejavelmente a imprimir ao processo de construção das vivências a este nível...
Hoje em dia, de uma maneira geral, há um estilo tendencialmente explosivo [álcool, drogas...] no processo de aproximação entre os dois sexos, que confere às relações/situações um carácter instantâneo e absolutamente descartável.
A sedução dá trabalho e leva tempo... exige talento... know how... e esta malta, com todo o respeito que me merece, não está para se maçar muito...
Depois há (1)todo um quadro sociológico que ajuda a precipitar as situações [novas concepções do que é crescer em devido tempo...], (2)recursos tecnológicos que obviam muitos entraves [esta Net, que nos "mata"(!), mas também permite que, com um click, estejamos na China, sem sequer despirmos o pijama...]...
Um diálogo mais rápido, mas forçosamente empobrecido de conteúdo... ou talvez não...
Os ingleses comunicam na base de cerca de 300 vocábulos e não se sentem mal com isso...
Tudo depende da expectativa, de facto...
Concretamente, no que concerne à aplicação do diploma nas escolas, devo dizer, com algum conhecimento de causa, que existe uma enorme clivagem entre o que é preconizado ao mais alto nível e a capacidade de implementação, na prática, de tais directrizes, nomeadamente (e esta é a parte sensível do problema) no que toca à questão dos afectos...
[afloram-se dinâmicas de grupo, mas não são devidamente exploradas, na sua complexidade, as emoções, nem os sentimentos de natureza amorosa...]
Um aspecto muito positivo do diploma parece-me ser a integração destas temáticas na área disciplinar do currículo. Nos conteúdos programáticos de Literatura, História, Biologia ou Saúde deverá, de forma perfeitamente integrada, estar garantida a cobertura de todos os aspectos previstos na lei, cuja abordagem deverá ser tão natural quão criteriosa, tanto quanto possível relativizando o carácter subjectivo dos aspectos ligados aos afectos, às emoções...
Só conseguimos trabalhar as emoções através da (re)construção da auto-estima, obrigatoriamente com recurso a quadros valorativos.
Só assim se chega aos conceitos de paridade, partilha, empatia, complicidade... tudo aquilo que, na memória, fica... depois "do adeus"... e torna as nossas vivências verdadeiramente edificantes.
Assim,sim, vale a pena despir...
 
Deveria ser "obrigatório" ler «Verdes Anos», de Colette, antes dos 15 anos; e ensaiar o poema de Cyrano... e, porque não entrar no erotismo de Eça? Há situações merecedoras de um certo pergaminho... Será isto assim tão bolorento?
Se quiserem algo mais recente, numa outra perspectiva, recomendo a «Biologia das Paixões», que nos faz perceber a ditadura das hormonas...
O filme Kids, pela sua crueza, talvez seja merecedor de análise e debate...
 
É importante que se abordem estas questões, nomeadamente as do foro médico.
[De notar o facto de certas doenças sexualmente transmissíveis, modernamente apelidadas de Infecções S T, que há trinta anos atingiam tipicamente a faixa etária dos 50 anos, actualmente serem mais comummente registadas na faixa dos 20/25 anos... por vezes, com consequências em termos de potencial de fertilidade...]
 
Trabalhar a educação sexual passa, entre outros aspectos, por referenciar, quer em termos valorativos, quer culturais...
Até os macacos (certas estirpes), como sociedades profundamente hierarquizadas que são, sabem o que significa o sexo anal e a fealdade do conceito associado!...
Por que razão eu tenho de ouvir, da parte de certos agentes de educação (neles incluídos técnicos de saúde!), que "é tão natural como... a sua sede"?!...
Haja abertura... mas nem tanto...
 
Sem querer abusar do espaço, gostaria de apresentar uma rectificação:
Obviamente, as questões de cariz sociológico incluem os tópicos abordados anteriormente à linha 17 e não somente a partir desta.
[1º comentário]
Isto de escrever "ao sabor da pena", sobretudo electrónica, nunca me sai muito bem...
Também "cumplicidade", por lapso, escolheu um "o"...

Solicito a V. Exa se digne relevar os aspectos de má articulação...

Grata pela atenção.
 
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